A Rádio, Televisão e Internet, disseminaram a música a quase todos as pessoas que tem acesso a esses serviços. Hoje em dia é possível ouvir música por todo o lado, dos restaurantes aos botecos, chegando ao famigerado elevador. Levamos ela conosco por todo lugar em MP3 players e a ondas sonoras chegam aos nossos ouvidos através de fones minúsculos de qualidade duvidosa. Mozart morreu coberto de dívidas, mas hoje em dia existem sucessos comerciais capazes de transformar músicos medíocres em multimilionários. 

Sinto, as vezes algo estranho na forma como aproveitamos as maravilhosas tecnologias de que possuimos. Deveríamos ter uma relação íntima com a música, mas as pessoas, quanto mais a ouvem, mais   apáticas se tornam na presença dela. 

Perguntaram certa vez ao um grande músico certa vez, o que ele achava da música disco, que estava na moda e invadido a cena musical da epoca. Zappa respondeu a pergunta como se fosse um fenômeno banal: “Enquanto as pessoas quiserem ir para a cama umas com as outras, existirá sempre um estilo de música que facilite essa forma de interação social”. A eloqüência de Zappa, costuma ser uma forma de sarcasmo. 

Zappa acertou em cheio: músicas tão massivamente divulgadas e divididas em gêneros comerciais não são avaliadas pela sua estética, mas pela sua funcionalidade. Queremos música para correr. Música gourmet. Música bonita e que entre no ouvido com a mesma facilidade com que uma fotografia num cartão postal nos vicia os olhos. Queremos música para ver vídeoclips. Música para mandar para aquela bela moça que tanto desejamos. Aceitamos com uma complacência escandalosa a música como mero objeto de consumo não como objeto de espressão e sentimento humano.. Somos roubados e condicionados a ansiar por mais. Não queremos educar os nossos ouvidos, queremos domesticados. Gozamos com a chamada “música de elevador” sem nos darmos conta de que ela está em todo o lado, embora se apresente com nomes diferentes. 

A tecnologia devia estar ao nosso serviço, mas nós é que estamos ao serviço da tecnologia. Já perdemos o hábito de ouvir a música pela música e agora estamos ficando escravos do MP3. Não sei até que ponto esse formato não esta influenciando a forma como se grava e produz música. No dia em que a maior parte das pessoas ouvir música apenas em MP3, como de resto já acontece com as novas gerações, o que será mais lucrativo para as gravadoras? Manter as sutilezas espaciais dos sons – só totalmente perceptíveis quando estamos num concerto ao vivo – ou gravar apenas pelas freqüências sonoras que o MP3 suporta? Qual será então o futuro da música? Poderá ainda chamar-se música ou estará a música como um holograma está para o corpo humano?

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