Neste fim de semana, passei o Domingo inteiro no Credenciamento de Delegados para o 51º CONUNE(Congresso Nacional da UNE) que ocorreu em POA/RS no Quindão da UFRGS. Lá as Atas de eleições e toda a documentação necessária para o credenciamento, era analisada por diversos DCE's e demais "forças" que compõem a UNE.

Explicarei como se da o processo de retirada de delegados para,então, chegar ao meu ponto de interrogação.

A tiragem de delegados se dá por eleição direta, com voto em urna, em cada universidade do Brasil. A cada 1000 alunos a universidade tem direito a mandar 1 delegado. Para validar a eleição no minino 5 % dos alunos da instituição tem que votar, caso contrario a eleição é anulada e uma nova eleição tem que ser feita.

O processo eleitoral na UFSM correu no máximo de transparencia e legitimidade( ocorreram alguns problemas, mas nada que afetasse a lisura do processo). Portanto, por lógica achei que seriam poucos os casos problemáticos que seriam analisados no dito credenciamento.

Você certamente já adivinhou o que aconteceu: não foram poucos os casos problematicos, atas duvidosas; quoruns mais duvidosas ainda, e alguns casos duvidas se realmente a eleição ocorreu.

O que me pôs para pensar nos processos eleitorais legítimos que ocorreram no estado inteiro, .gente que se mobilizou, se esforçou, e fez um processo limpo. As pessoas que "tocaram" tais processos limpos se vissem aquilo, iriam se achar os maiores trouxas da galáxia( eu particularmente, estou me sentindo um inocente trouxa até agora).

Chegamos agora na minha interrogação. Em termos de teoria dos jogos, essa é a situação clássica onde uma quebra na cooperação entre os jogadores segue sem punição, de forma que quem se esforçou para jogar direito fica com o ônus do esforço empenhado, mas não colhe bónus nenhum.

Simulações matemáticas (e experimentos e a história) mostram que quando "aproveitadores" rotineiros seguem impunes, os cooperadores ou desistem de fazer as coisas direito ou são extintos da população, até que a coletividade chegue a 100% de aproveitadores (quando tudo, obviamente, desmorona).

(Qualquer semelhança com o que esta acontecendo na UNE é mera coincidência, a saída maçiva de executivas de cursos, e criações de entidades paralelas nada tem a ver com isso. :P.).

Filosofando um pouco, parece-me que a tolerância com o aproveitador é parte do fenômeno conhecido genericamente como "jeitinho brasileiro".

Percebo que este é o ponto, neste tipo de texto, onde o autor começa a esbravejar pedindo pena de morte para quem cospe na rua. Não vou fazer isso, mas propor uma reflexão sobre um fenômeno cultural brasileiro( e quem sabe internacional) interessante: a tendência de inverter o "ônus da inconveniência". Ou: parece que entre nós o chato é quem insiste para que as normas sociais sejam observadas, não quem abusa do tempo e da paciência de quem tenta agir direito. Por que será?

Resto do Post