Há Alguns post’s atrás me questionei sobre o que nos mantinha unidos se era o medo ou o amor, hoje venho aqui adentrar mais no conceito de Violência, que intrinsecamente é ligado ao medo, mas não exclusivamente.

Para inicio de conversa, parto do pressuposto que a VIOLÊNCIA é um fenômeno histórico social, que só pode ser entendida entre os arcos de relações socioeconômicas, políticas e culturais. E que a violência tem caráter revelador das ES TRUTURAS DE DOMINAÇÃO (desde a de classes até as de gênero) surgindo principalmente da dicotomia dos que querem manter seus privilégios e os que são oprimidos pela falta dos mesmos.

Apesar de a delinqüência não estão somente ligada a essa dicotomia, também pode ser interpretada através dessas relações sociais.

A desigualdade social (como também outros fatores como a expropriação cultural e econômica) são fatores primordiais para entender a base da criminalidade. Pois, o culto à força e ao machismo, a busca do prazer e do consumo imediato estão hoje na base dos códigos das gangues e “falanges” que “amedrontam” sociedade. Porém, para não cairmos num discurso falso é preciso entender algumas orientações, como distinguir a violência das classes e grupos dominantes daquela exercida pelos que resistem a ela.

Compreender esse caráter de “relações” é importante para que saibamos que nos eventos violentos em algum dado momento seremos, ora vitimas e ora algozes.

É também necessário para entender a violência fugir de explicações religiosas, metafísicas (pode até parecer um pleonasmo o uso das duas ultimas palavras, mas, não o é) e fora das situações onde ela realmente acontece. Revelar o caráter de dominação das instituições coercivas, acima da realidade social. E finalmente entender a violência na sua especificidade de caso, pois pode, dialeticamente, articular a forma abstrata com a realidade concreta, individual ou coletiva.

Outra via a ser usada para entender a violência é a psicologia, pois, é no individuo na sua complexa totalidade, que a violência tende a se manifestar e se concretizar em agressão ou vitimação. Contudo (pelo pouco que pesquisei na internet e alguns livros e artigos) a psicanálise tem dificuldade de se aproximar teoricamente do fenômeno violência.

Porem a psicologia social é um marco essencial para nos contrapormos as teorias que tentam trazer uma explicação psicogenética, para a violência dos jovens pobres no mundo. Pois, a priori ela utiliza o conceito de “violência vingativa” para explicar a delinqüência de jovem. Ela observa que esses indivíduos jamais, ou muito dificilmente, teriam se tornado delinqüentes se não fossem as condições de pobreza e violência extrema que permearam toda a formação estrutural de suas personalidades.

Ressalta ainda que a involução da violência política para a violência deliquencinal cria uma maneira de viver na violência crônica, sem dar, aparentemente, uma solução viável de saída dessa estrutura de exclusão.

Não posso deixar de comentar a tentativa de alguns teóricos em costurar os conceitos de "sociedade do espetáculo" e "cultura do narcisismo" nas sociedades atuais como fato absoluto e principal ao aumento exponencial da violência na sociedade contemporânea. Usar afirmações como, a sociabilidade resultada da exaltação do eu e da estetização da existência realizadas pelos indivíduos, como fator predominante do alto índice de violência, da um caráter individualista e egóico para a violência. Esse tipo reflexão é importante, porém fragmentada e não demonstra relação dialética entre indivíduo e sociedade (como MARX e ENGELS enfatizaram). Ou, como disse Sartre certa vez "Eu sou o que consegui fazer com o que fizeram de mim.”.

Também é claro, que esse tipo de analise reflete (sua maneira mesmo que em minha opinião de forma errônea metodologicamente falando) as contradições existentes na realidade: o crescimento das tendências anti-sociais, o isolamento, o medo coletivo e individual, o estado de intolerância, a alienação dos indivíduos e a espetacularização dos dramas particulares (viva o orkut, blog’s, fotologs etc). Negar o mundo subjetivo em que se baseia toda a vida social e privada é um erro. Contudo, é vital enxergar no processo de atividade vital não a supremacia de uma esfera sobre outra, mas a singular unidade dialética do natural, do individual e do social, do hereditário e do adquirido. Pois, Existe uma complementaridade dinâmica entre o biológico, o psicológico, o social e o ecológico.

Somente as “inter-relações subjetivas” não são determinantes absolutos para a o desenvolvimento da Violência na sociedade contemporânea, mas sim, somente mais um condicionante a ela. A soma das inter-relações subjetivas com as ESTRUTURAS DE DOMINAÇÂO (ESTADO-BURGUES, MÍDIA, RELIGIÃO etc.) demonstram e apontam claramente que as condutas violentas têm suas origens nas gritantes contradições do CAPITALISMO (seja ele neoliberal, ou não), nos seus mecanismos de subjugação, bem como no seu próprio método de expansão atual o, consumismo desenfreado.

Resumidamente falando não creio que somente a relação econômica explica a violência, mesmo sabendo que ambos são indissociáveis. No entanto, não podemos negar a violência como parte da estrutura de dominação do modo organizativo-cultural (que parte do pré-suposto da propriedade privada como o maior reconhecimento de “poder” e/ou da “existência” ou não dos indivíduos) da sociedade contemporânea e assim evidenciando a VIOLÊNCIA como Fundamental para colocar os MARGINALIZADOS na delinqüência. E, assim, instaurar a Política do MEDO que só é possível com a vivencia da violência na Sociedade (não necessariamente a vivência real de fatos violentos, pode também ser de um modo virtualizado, como acontece diariamente nos meios de comunicação nos bombardeando com noticias sobre e de violência).

O MEDO mantêm o Status-Quo vigente. E agora sim, podemos falar da “cultura do narcisismo” da sociedade atual, que por efeitos da violência Externa (seja ela, real ou virtual) leva a uma reclusão e consequente, dissolução dos “vínculos sociais” e mais precisamente da consciência de CLASSE.

Então, opressor continua oprimindo e explorando e o explorado fica atrelado ao simulacro da violência sem perceber seu real papel na luta de classes. E muitas vezes nem mesmo percebendo tal dicotomia entre as mesmas.

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