O STF (Supremo Tribunal Federal) adiou a decisão sobre o futuro das pesquisas com células-tronco no Brasil. Um pedido de vista do processo feito pelo ministro Carlos Alberto Menezes Direito suspendeu temporariamente o julgamento da ação de inconstitucionalidade contra a Lei de Biossegurança.

Podemos dizer que nesse julgamento, o Brasil escolhe o seu caminho para o futuro. Escolhe entre uma estrada reta, ampla como a aceitação popular, bem pavimentada pela sua competência científica adquirida ao longo de anos de pesquisa; e iluminada pelos holofotes da sabedoria, do conhecimento e da independência científica e tecnológica; ou entre uma estrada "de chão", que na verdade é um retorno de 180o, que leva ao obscuro futuro da dependência, dos mitos, dogmas e credices. Da confusão entre a Igreja e o Estado, que em sua expressão máxima leva ao fundamentalismo. Uma verdadeira "marcha-à-ré" em nossa sociedade.

Como Libertário convicto os antigos conceitos e pré-conceitos não podem/devem ter espaço em minha cabeça . Entretanto, na minha opinião, a igreja católica (e quem mais se declarar hoje contra as pesquisas com células-tronco embrionárias e ao aborto) estará dando um "tiro no pé" na sua já sofrida popularidade. Batalhas perdidas em diversos países pela igreja nos lembram os anticoncepcionais, homossexualidade, a negação do aborto e da eutanásia. Esse me parece ser mais um motivo para futuros arrependimentos e pedidos de desculpas formais do Papa, onde, lamentavelmente, a igreja tem levado alguns séculos para reconhecer seus erros, seja apoiando a escravidão, seja queimando astrônomos nas fogueiras da inquisição. Entre outros. Parece que foi escrito ontem o texto A Igreja e o Estado, de 1882, de Mikhail Bakunin, que termina dizendo "...Se não quisermos que o progresso seja, em nosso século, um sonho mentiroso, devemos acabar com a Igreja.".

No âmbito jurídico, o argumento pode ser feito até por um estagiário de direito( ou qualquer um, como EU) pois, afinal, a definição de "morte" para a legislação brasileira corresponde a ausência de atividade cerebral. Assim, consequentemente, embriões com 14 dias, não podem ser considerados "vivos".

Por fim, ingênuo é aquele que pensa que uma sentença dessas envolve apenas o que foi grosseiramente vomitado ai em cima. As forças envolvidas nessa batalha são gigantescas, seculares e poderosíssimas. Igreja, Ciência, Estado, Sociedade e Indivíduo reafirmam seu poder e seu papel. Contudo, na prática, isso pouco importa para aqueles que estão presos na pobreza de nosso país. O que importa de fato é a sentença dos nossos Magistrados. Particularmente tenho grandes esperanças que iremos da direção do futuro, e não do passado. E por isso rezo fervorosamente, por mais contraditório que possa parecer!